Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Desabafos,desatinos e aventuras de uma emigrante em África.
Há quase um ano atrás, escrevi-vos sobre a albufeira de Cahora Bassa e sobre a estadia no Kasindira Lodge. Desta vez,volto a escrever-vos sobre o mesmo paraíso, mas com a estadia feita no Moringa Bay Lodge.
Há já algum tempo que não tinha um fim-de-semana de dois dias e mal o tive em vista, decidi fazer uma pequena viagem para sair da rotina e espairecer as ideias. Uma amiga tinha-me dado boas informações sobre este local, que comparativamente com o anterior descrito aqui, fica uma hora mais perto. E uma hora para cada lado, faz muita diferença em termos de programação do fim-de-semana.
Portanto, saímos de casa cedinho, ás 7h30 mas ainda perdemos tempo a parar para tomar o pequeno almoço e abastecer a carrinha. Antes de irmos para o lodge, decidimos fazer um "pequeno desvio" para irmos visitar o Songo. Existem lá uns murais muito bonitos e ainda não tinha tido a oportunidade de os fotografar, por isso aproveitei.
Rumo ao lodge, ainda apanhamos uns 20km em terra batida e nada fáceis de fazer. Demoramos cerca de uma hora com subidas e descidas a 30km/h. Passava pouco das 13 quando lá chegamos e apesar de termos perdido bastante tempo com o desvio, deu para aproveitar bem a tarde.
Á chegada fomos recebidos pela matilha do lodge, composta por um rottweiler, um "salsicha", um boxer e um rafeirito. Enquanto lá estivemos, estes cães não nos largaram. Super amistosos, sempre a pedir festinhas. Foram os nossos guardas durante a estadia!
O local era em muito parecido com o lodge onde já tinha estado, o mesmo estilo de alojamento, cheio de árvores e uma piscina virada para o lago. Esta tinha o dobro do tamanho da outra, a água estava límpida e era feita em pedra o que lhe conferia um aspecto delicioso. Depois de almoçarmos, é obvio que fomos dar um mergulho! E tão bem que soube estar relaxadinha numa espreguiçadeira, sem grande som de fundo a não ser o da natureza. Estava mesmo a precisar disto!
Como já é da praxe quando vamos a um sítio destes, lá fomos dar um passeio de barco pela albufeira. Ver os hipopótamos, crocodilos e o pôr-do-sol. E nunca desilude. Os crocodilos estiveram um pouco envergonhados desta vez, ao contrário dos hipopótamos que não se apoquentaram nada com a nossa presença.
À noite, e com a falta de rede/net, os palpites eram sobre o resultado do SLB-FCP. E ninguém saiu a ganhar! E o mais fantástico é poder apreciar um céu repleto de estrelas, com uma temperatura agradável e ficar a dar duas de letra até "às tantas" na varanda para o lago.
O dia seguinte foi simples. Acordar (relativamente) cedo, aproveitar muito a piscina, almoçar e regressar a casa ainda com luz do dia. Recordo-vos que por cá entre as 17h e 18h já é de noite. E só vos posso dizer que foi maravilhoso! Entre experiências de mergulhos a serem filmados com câmara lenta, ou um bom período de leitura na espreguiçadeira, a manhã passou-se da melhor maneira possível e tão aproveitadinha como quem sabe que provavelmente tão cedo não repetirá!
Até já!*
Já ando há uma data de tempo para escrever sobre este assunto, mas infelizmente o trabalho não me tem deixado vir aqui ao blog.
No passado dia 17 de Novembro, o rebentamento de uma cisterna de combustível matou cerca de 90 pessoas e feriu outros tantos. Aconteceu na província de Tete, no distrito de Moatize, na localidade de Chipiridzange, quando o camião seguia da Beira para o Malawi. Chegou a passar nas notícias em Portugal, pois tive bastantes pessoas que me ligaram preocupadas para saber o meu estado.
"E como é que acontece uma tragédia destas?" perguntam vocês...ora, houveram bastantes teorias.
Inicialmente, soube-se que o camião estava estacionado e que uma série de pessoas o estariam a assaltar para roubar combustível, usando uma motobomba que entrara em curto circuito incendiando o tanque de combustível e causado a posterior explosão.
No dia seguinte, na rádio BBC, ouvia-se que o que possivelmente tinha causado o acidente, teria sido um relâmpago ou um isqueiro.
Depois, surgiu um video na internet, onde mostrava a cisterna a arder mas sem ter explodido, sendo que o motorista do camião até estava a desengatar o atrelado em chamas do camião e haviam alguns curiosos a assistir ao acontecimento.
Para não me alongar e após tanta informação e contra-informação, passo à versão final. O que é que aconteceu realmente?
Descobriu-se que a razão da paragem do camião naquela zona, teria sido para fazer negócios ilícitos. O motorista iria vender combustível a uns vendedores de rua e um curto-circuito na motobomba que usava para tirar o combustível do primeiro tanque, causou o incêndio. Isto, aconteceu no dia 16 de Novembro.
Entretanto, o motorista malauiano deixara a cisterna a arder para trás e fugira. Isto atraiu muita população das redondezas que no dia 17 de Novembro, já com o fogo extinto, decidiu roubar o combustível que ainda se encontrava no camião,dentro do segundo tanque que ainda estava selado. Não sei o que provocou a explosão do segundo tanque, mas como se tinham reunido várias pessoas à volta e em cima do camião, a quantidade de feridos e mortos foi tragicamente grande e continua a aumentar.
Deixo um video, com imagens sensíveis, que mostra o que aconteceu:
Infelizmente, o roubo de combustível continua a ser um problema por estas bandas. Muitas empresas sofrem de furtos constantes até por parte dos próprios trabalhadores. Neste caso, correu muito mal para o motorista que queria ser esperto, dando origem a que pessoas de muito pouca formação se expusessem a um perigo iminente, resultando numa tragédia de grandes proporções. Morreram crianças, mulheres grávidas...pessoas que não deveriam sequer estar perto de um local como este, mas que não tiveram noção do risco que corriam.
Até já!*
A semana passada, quinta-feira para ser mais precisa, cairam as primeiras pingas. Nada durante o solarengo dia, o fazia esperar. Mas por cá, já se sabe que podemos acordar com chuva e terminar o dia com sol, ou vice-versa.
O primeiro indício foram as nuvens que ao final da tarde, se começaram a ver ao longe. Escuras e densas. Mas depois veio a parte mais interessante e típica de cá. A “chuva de Tete”. E por isto, entenda-se, resmas de pó. Põs-se uma ventania forte que levou tudo pelo ar, pó, lixo e até telhados de chapa. As pessoas correram para se abrigar. Os carros diminuiram a velocidade, tal era a dificuldade em ver a estrada. E a pista de avião desapareceu no meio de uma paisagem árida e castanha. E depois de tudo isto, finalmente a chuva.
Não foi muita. Digamos que até foram só meia dúzia de pingas, comparando com o que estamos acostumados. Mas claramente, deu-se por aberta a época dos vendavais.
E foi mais ou menos assim:
A partir de agora, vai ser sempre a piorar. Venham as molhas!
Até já!*
Bem...tenho andado ausente do blog nas últimas duas semanas. E porquê? Ora...não basta a internet já não ser boa por estas bandas (às vezes demoro quase uma hora para conseguir postar algo!!!), que agora é inexistente!
Mas isto tem uma razão de ser... passo a explicar. Os escritórios da minha empresa ficam no cu de Judas. E aqui cu de Judas significa meeeeesmo no meio do nada. Como nessa zona não haviam comunicações, foi instalada uma antena para rede de telemóvel Mcel e para rede de internet TDM. Só que, como isto é no meio de nenhures, a energia de funcionamento da antena é obtida por meio de um gerador.
Gerador esse que leva combustível. Combustível esse que é bom pra ser gamado. Conclusão...há um bando de seres que decobriu que se assaltar a torre de comunicações, tem combustível à borliú. As simple as that. Acaba o combustível, abastecem. São assaltados. Abastecem. São assaltados. E é isto. Tem sido uma animação!
Vamos lá ver se a partir da próxima semana as coisas melhoram...e se reforçam a guarda da torre. Porque o guarda que lá tem estado sozinho, deve estar farto de correr.
Até já!*
Mas o que eu gostava mesmo mesmo, era que esta internet de bosta me deixasse fazer um post!!!!!
Até já!* (ou até quando a net deixar...)
Já vos contei anteriormente o meu passeio à albufeira de Cahora Bassa. Mas não vos escrevi muito acerca da barragem em si, que também já tive o prazer de ir visitar.
Acho que se pode dizer que, a barragem agora de nome Cahora Bassa (Cabora Bassa no período colonial), é a maior obra de engenharia realizada em Moçambique. E é neste momento, a maior fonte de geração de energia em Moçambique. Esta, situa-se no distrito do Songo, na província de Tete.
Ao longe parece um pedacinho cinzento encaixado em duas paredes rochosas escarpadas. Só quando lá estamos é que realmente temos noção da sua imponência e do quão maravilhosa é a paisagem.
A visita foi guiada, desde as instalações da Hidroeléctrica de Cahora Bassa até à barragem. Aí, tivemos que colocar coletes reflectores e capacetes de protecção como medida de segurança. À entrada da barragem é possível ver um monumento referente à passagem oficial da barragem para o governo moçambicano, que se deu em 2007 pelo governo de José Sócrates. Desde o início da sua construção, em 1969, que a barragem estava a cargo de entidades portuguesas.
Percorremos a barragem a pé. De um lado é possível ver água. Água sem fim. Do outro um abismo. Uma monstruosidade de betão enorme e lá no fundo o diminuto curso de água que segue rasgando caminho por entre as rochas.
Lamentavelmente, o dia da visita coincidiu com um dia de manutenção numa das turbinas e por isso a barragem não estava a descarregar. Não deu para ter noção do seu funcionamento normal. Mas ainda assim pudemos visitar as turbinas e passar para o lado de baixo da barragem, ou seja, ficar de frente para ela onde abrem as comportas. Infelizmente o sol não deixou registar o momento em condições, mas foi muito giro ter as duas visões da barragem.
Na falta de melhor, deixo-vos uma imagem da maquete de como seria o funcionamente normal da barragem.
Até já!*
Apresento-vos o tão aclamado camarão de Tete! Pois é meus amigos...este bichinho que vos dou a conhecer hoje, é uma iguaria por estes lados. Na realidade, não sei que nome tem, sei que nunca ninguém os vê e de repente, dá uma chuveirada e é aos milhares. E não, não estou a exagerar. Milhares mesmo. Todos à procura de luz. Até tenho que fechar as frinchas das portas e janelas com guardanapos, que eles arranjam maneira de entrar por todo o lado. É difícil andar na rua, até temos que tapar a cara pois estão sempre a vir contra nós. E conduzir é um suplício, o pára-brisas fica todo peganhento cheio de criaturinhas esborrachadas.
Esta foto foi tirada depois de chegar a casa e ter andado à caça. Já se tinham infiltrado uma série deles, e apesar de não se perceber muito bem na imagem, eles são grandes e barulhentos pois têm 8 asas. Uns verdadeiros “pain in the ass”. O curioso é que ao fim de um tempo, eles começam a pousar e as asas caiem, tranformando-se em bichezas ainda menos bonitas que rastejam. E é neste preciso momento, que eles passam a ser apelidados de camarão de Tete, porque é ver os locais a apanhar os bichinhos das paredes e do chão, para depois os fritarem e comerem. Refeição à borliú, iupiii! Hmmm...deve ser uma delícia...not!
Identificação da bicheza: camarão de Tete.
Classe da bicheza: insectos.
Espécie da bicheza: dos com muitas asas e chatos que dói!
Imagem da bicheza:
Até já!*
Uma das coisas que me fez sentir um bocadinho ignorante quando cá cheguei, foi o facto de não saber que as mulheres moçambicanas de raça negra não têm cabelo comprido. Acho que nunca tinha pensado nesse assunto antes. Até porque, na televisão não nos dão essa perspectiva. Vemos sempre raparigas negras com longuíssimos cabelos entrançados ou fabulosos caracóis ao invés de cabelos curtos com cabelo tipo carapinha.
Pois é. Qual não é o meu espanto quando me apercebi que todos os penteados espectaculares que via, eram feitos de extensões. A carapinha é um tipo de cabelo muito forte e difícil para se ter comprido, e as poucas mulheres que vejo com o cabelo quase pelo queixo, têm muita dificuldade em moldá-lo pelo que andam com ele amarrado ou entrançado. O uso de extensões não está ao alcance de todos, visto que fica cara a colocação e manutenção das mesmas. E há também quem recorra ao uso de perucas.
Assim, é tão fácil mudar de penteado que por vezes cheguei a não reconhecer pessoas quando mudavam de penteado drasticamente. Tipo, de um cabelo liso escuro para um cabelo encaracolado loiro. Ou então estar habituada a ver a pessoa sempre com cabelos compridos e de repente encontrá-la sem extensões. Acreditem...é muito fácil não se reconhecer a pessoa e passar por antipática! Ooops!
Até já!*
É impossível ficar indiferente a este bicharoco. São realmente bonitos e impõem respeito. Já os pude ver de bem perto, tanto em terra como na água. Infelizmente, é frequente o ataque de crocodilos a pessoas aqui em Moçambique, dado seu elevado número de espécimes e o hábito de muitas populações lavarem as suas roupas nos rios. Desde 2010, apenas na província de Tete, já foram mortas mais de 175 pessoas e feridas mais de 130, sendo que estes números são de 2015. À parte disto, existe um grande negócio por cá, tanto para venda de peles como para consumo de carne de crocodilo.
Identificação da bicheza: crocodilo.
Classe da bicheza: répteis.
Espécie da bicheza: dos assustadores (crocodilo-do-nilo).
Imagem da bicheza:
Até já!*