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Desabafos,desatinos e aventuras de uma emigrante em África.
Em Abril de 2013 tivemos um fim-de-semana alargado, daqueles maravilhosos que todos nós gostamos. Infelizmente aqui não há muito para se fazer por isso foi a oportunidade perfeita para ir conhecer um dos países que fazem fronteira com Moçambique, a Zâmbia. Neste caso, não foi directamente para conhecer a capital ou as cidades, mas sim ir a uma reserva natural e fazer um safari. Este parque natural tem o seu nome devido ao rio Luangwa, que o atravessa e tem uma área de cerca de 9.000km2. Por isso o que nós vimos foi apenas uma amostrinha de todo o parque.
Dia 1
A viagem foi feita de carro, neste caso numa carrinha 4 x 4 pois aqui é comum haver troços de estrada em terra batida e em muito más condições. Saímos bem cedo para se fazer a viagem toda durante o dia e foram 8 longas horas para chegar ao destino, com uma paragem de cerca de 1 hora na fronteira para tratar das burocracias necessárias à estadia no país. Chegamos ao destino ao final da tarde, cerca das 16h. O lodge escolhido foi o Mfuwe Lodge, conhecido pelas visitas dos elefantes ao seu átrio (vejam no site!). O Lodge é todo em madeira com detalhes típicos da cultura africana. Fiquei numa cabana de dois andares, que tem um quarto enorme no andar de baixo, uma sala no andar de cima e em ambos os andares tem uma varanda virada para a selva, sendo que uma delas é grande e tem espreguiçadeiras. Os responsáveis pelo espaço eram simpatiquíssimos e enquanto fomos pousar as malas na cabana, chamaram um dos veículos todo-o-terreno e ainda fizemos a segunda parte do safari da tarde. Á noite, o jantar foi ao ar livre e as mesas estavam preparadas por cada carro de safari, ou seja, em cada mesa sentou-se o guia e os passageiros de cada carro. Foi giro dado que possibilitou a multiculturalidade, o guia era zambiano e o casal que nos acompanhava era composto por uma alemã e um israelita. O mais engraçado é que à noite para ir para as cabanas temos que ser escoltados por um guarda, pois o Lodge não é vedado e podemos encontrar animais em qualquer lugar! Incluindo a cabana, que diga-se de passagem que estava cheia de largartos nos tectos...e não eram pequenos!
Dia 2
Toca a levantar cedo que o safari da manhã começa às 6h30 da manhã e ainda temos que tomar o pequeno-almoço! Estava fresco e como o carro do safari é aberto, tive que levar um casaco e um lenço para o pescoço. E o protector solar também não faltou claro. Das paisagens deslumbrantes à diversidade de animais que pude avistar...macacos com crias às costas, elefantes a cada esquina, ímpalas, gazelas, javalis, girafas...um sem fim de aves! E eis que a meio da manhã paramos o carro junto ao rio Luangwa, a ver um conjunto de hipopótamos a relaxar, e desfrutamos de um chá quente com uns biscoitos. Hmmm...paraíso. O silêncio citadino e apenas os sons da natureza..indescritível. Percebi cedo que a maior dificuldade seria ver os leopardos, por isso sempre que algum dos carros avistava um, avisava os outros guias via rádio e lá íamos nós em “perseguição” à procura do leopardo. Felizmente tivemos sorte e conseguimos ver um leopardo fêmea a refastelar-se nas ervas...que animal lindo! Terminei o safari deliciada confesso. Qual jardim zoológico qual quê...acho que não volto a entrar num! Não há nada como ver os animais no seu próprio meio...
O safari da tarde começou por volta das 16h. Fizemos percursos diferentes dos da manhã. Não passava muito tempo desde que o roteiro tinha iniciado, quando o nosso guia foi avisado para irmos ao encontro de um conjunto de leões. Um leão e um conjunto de 5 fêmeas, todos deitados nas ervas a descansar. Paramos o carro a 5 metros dos animais, senti-me dentro de um documentário do National Geographic. Só faltava mesmo o David Attenborough para narrar o momento. Sim, porque o leão decidiu mostrar aos cerca de 4 carros de safari que ali estavam, como se fazem leõezinhos...como se nem ali estivéssemos. Duas dúzias de seres humanos boquiabertos a olhar para aqueles bicharocos fantásticos a dormir e a rebolar na erva... e eles não estavam “nem aí”. Demos mais umas voltas e absorvemos mais natureza no seu estado puro. Pelas 18h voltamos a parar junto ao rio Luangwa, desta vez para apreciar o pôr-do-sol acompanhados de uma bebida espirituosa e de uns snacks. Um crocodilo solitário veio dar o ar da sua graça ao passar no rio. Até hoje foi o pôr-do-sol mais lindo que alguma vez vi. Uma série de factores perfeitamente conjugados fizeram daquele momento, um momento inesquecível. Ficamos na conversa à beira-rio até anoitecer, onde pudemos admirar o céu repleto de estrelas cintilantes. O céu mais fantástico que alguma vez contemplei. E o colega israelita ainda nos esteve a ensinar como se aprende a identificar o sul a partir do cruzeiro do sul. Melhor final de tarde é impossível.
Dia 3
Dia de voltar a casa. Foi tomar o pequeno almoço e fazer à estrada. E comentar o resto do fim-de-semana durante a viagem. E chorar porque acabou rápido.
A última noite foi marcada por um momento surreal. Como já referi, as cabanas estavam inseridas na selva, sendo que as varandas estavam viradas para uma zona aberta, um descampado onde se viam regularmente os animais a passar. A meio da noite acordei com um barulho estranho, pois a cabana tem portadas mas não tem vidros, por isso o som exterior ouve-se perfeitamente. Quando fiquei mais atenta para tentar perceber o que se passava, consigui perceber que tinha um elefante do lado de fora a mexer na árvore que estava encostada à varanda... espectacular!
Todo o tempo lá passado foi pouco. Acho que uma vez por ano, todos merecíamos ir a um local assim. Ficar “unos” com a natureza, respirar ar puro, ver a beleza simples do nosso planeta e relaxar. Quem sabe um dia destes não se volta a repetir!
Infelizmente, problemas com o meu disco externo fizeram com que o ano de 2013 deixasse de existir, por isso não tenho muito para mostrar...
Até já*