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Desabafos,desatinos e aventuras de uma emigrante em África.
Por cá, os acidentes de viação são uma constante. Se há sítio para conduzirmos defensivamente, é aqui.
Um estudo publicado em 2015, afirma que de entre os países lusófonos, Moçambique é o que tem o índice de mortalidade rodoviária mais alta, com 31.6 casos por cada 100.000 habitantes. Portugal tem um índice de 7.8 casos por cada 100.000 habitantes, 3 vezes menos do que Moçambique. Em 2013 registaram-se 1.744 mortes nas estradas moçambicanas.
E falo nisto porquê? Porque na terça-feira houve mais um grande acidente, desta vez às portas da cidade de Tete. Um autocarro (“machibombo”) que fazia uma viagem de longa distância, envolveu-se num acidente com um carro ligeiro e um camião pesado em cima de uma ponte, causando 9 mortos e 25 feridos. Os veículos ficarram irreconhecíveis.
(Fonte:http://www.jornalnoticias.co.mz)
Como se já não bastasse, na quarta-feira dois camiões chocaram entre si, exactamente no mesmo local, fazendo mais 3 feridos.
E porquê?
Porque aqui não há civismo nas estradas. É indiferente se vamos sozinhos a conduzir ou se levamos 20 pessoas dentro de um “chapa”, o pé não levanta do acelerador. Não interessa se estamos numa lomba ou numa curva sem visibilidade, o que interessa é ultrapassar a lesma que vai à frente. Não se pensa que a qualquer momento um cabrito, um cão ou uma vaca se pode atravessar à nossa frente, o que se quer é chegar rápido ao destino. Não importa se conduzimos à noite sem luzes e se podemos causar acidentes. Não há problema em andar de mota sem usar capacete. Nem importa se incadeio os outros motoristas porque como não tenho médios, uso os máximos. E se me apetecer andar a 30, numa estrada em que o limite máximo é 60, ando. Nem me impedem de andar com um camião carregado a 120km/h, que numa travagem brusca varre tudo o que tiver à frente. E o alcool? Aqui conduzir a beber uma cervejinha é o pão nosso de cada dia...até parece que tem algum mal!?
E a taxa de mortalidade rodoviária em Moçambique?Pois...não me parece que vá descer num futuro próximo. Pelo menos enquanto as pessoas não começarem a ter consciência de que as suas acções influenciam não só os seus destinos, mas também os dos outros.
Até já!*