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Desabafos,desatinos e aventuras de uma emigrante em África.
Costumo dizer que cá, a vida tem um valor diferente. Em quatro anos aqui, já vi morrer mais gente do que em 26 anos em Portugal. É frequente o pedido de dispensa por parte dos trabalhadores para irem a funerais de familiares ou amigos. Quase parece uma coisa normal...quase. Para mim é tão anormal, que não sei explicar.
Hoje senti a necessidade de escrever...mas quero escrever e não consigo ter as palavras certas para o que sinto em relação a isto. Uma espécie de agonia. Parece que me “cai a ficha” em relação ao sítio em que estou. Assusta-me ter de me deparar com esta realidade...em que a morte é algo comum, independentemente da idade ou do estado de saúde. Lembra-me a estupidez que é morrer aqui, por causa de um acidente de viação, num hospital sem cuidados médicos apropriados ou simplesmente por uma briga parva com um familiar. É tão simples quanto isto.
E de um momento para o outro, aquela pessoa que durante meses está diariamente a trabalhar ao nosso lado, deixa de estar. E o tempo passa... o trabalho continua... e eu esqueço. Até voltar a estar perto da morte. Aí relembro. Todos.
Até já!*