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Desabafos,desatinos e aventuras de uma emigrante em África.
Aqui somos todos homens. É uma frase que ouço várias vezes. Sou a única mulher na minha equipa de trabalho, e as conversas são sempre masculinas obviamente. Às vezes masculinas demais, mas como “aqui somos todos homens” não há filtros, não interessa se eu lá estou ou não. É como se eu fosse um homem, ou é assim que me tratam. Não é uma ofensa, é uma forma de me mostrarem igualdade.
Trabalho numa área dominada por homens, onde infelizmente ainda são poucas as oportunidades dadas ao sexo feminino. Lembro-me de que quando fui à entrevista para este emprego, o meu pensamento foi apresentar-me o menos feminina possível. Tirei o verniz das unhas, amarrei o cabelo num rabo-de-cavalo, usei umas calças de ganga straight e uma camisola básica lisa. Hoje olho para trás e penso “que idiotice”. Nós temos que ser aceites como somos. E não é pelo aspecto ou pela apresentação que tenho que me destacar, mas sim pelo meu trabalho. Agora vejo isso claramente, mas naquela altura só queria arranjar um emprego, numa área em que é muito difícil de entrar. Se foi o meu look descontraído que me garantiu o trabalho? Não, não foi. E certamente não é o que continua a manter-me no mesmo. Batalho todos os dias para sobreviver neste man’s world, onde apesar de tudo me orgulho de trabalhar. A companhia feminina é pouca ou escassa,e já me habituei a estar rodeada de homens, seja no trabalho ou no restaurante ou basicamente, em todo o lado. É giro, reina a boa disposição, mas há coisas que só nós mulheres sabemos, e só com outras mulheres nos dá gosto partilhar.
E como o nosso dia é só uma vez por ano, hoje acordei e decidi fazer gazeta ao uniforme de trabalho. Pus uma roupa bonita, maquilhei-me, e saí toda vaidosa. E é aproveitar que hoje tenho desculpa!
Até já*