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Desabafos,desatinos e aventuras de uma emigrante em África.
Uma das coisas que me fez sentir um bocadinho ignorante quando cá cheguei, foi o facto de não saber que as mulheres moçambicanas de raça negra não têm cabelo comprido. Acho que nunca tinha pensado nesse assunto antes. Até porque, na televisão não nos dão essa perspectiva. Vemos sempre raparigas negras com longuíssimos cabelos entrançados ou fabulosos caracóis ao invés de cabelos curtos com cabelo tipo carapinha.
Pois é. Qual não é o meu espanto quando me apercebi que todos os penteados espectaculares que via, eram feitos de extensões. A carapinha é um tipo de cabelo muito forte e difícil para se ter comprido, e as poucas mulheres que vejo com o cabelo quase pelo queixo, têm muita dificuldade em moldá-lo pelo que andam com ele amarrado ou entrançado. O uso de extensões não está ao alcance de todos, visto que fica cara a colocação e manutenção das mesmas. E há também quem recorra ao uso de perucas.
Assim, é tão fácil mudar de penteado que por vezes cheguei a não reconhecer pessoas quando mudavam de penteado drasticamente. Tipo, de um cabelo liso escuro para um cabelo encaracolado loiro. Ou então estar habituada a ver a pessoa sempre com cabelos compridos e de repente encontrá-la sem extensões. Acreditem...é muito fácil não se reconhecer a pessoa e passar por antipática! Ooops!
Até já!*
Como por aqui não faltam fenómenos estranhos, aqui vos mostro mais um. As construções inacabadas. Ou acabadas. Ou mais ou menos. É tipo acabado mas caso me apeteça construir mais qualquer coisa, deixo em aberto. Ficam aqui uns ferrinhos pra dar continuação. Se for definitivo, fico com uma construção parola e esteticamente horrorosa. Eu é que sou inteligente. ‘Petáculo...
E não é um, nem dois...são muitos, mesmo muitos edíficios nestas condições. Bonito de se ver...
Até já!*
Por cá, os acidentes de viação são uma constante. Se há sítio para conduzirmos defensivamente, é aqui.
Um estudo publicado em 2015, afirma que de entre os países lusófonos, Moçambique é o que tem o índice de mortalidade rodoviária mais alta, com 31.6 casos por cada 100.000 habitantes. Portugal tem um índice de 7.8 casos por cada 100.000 habitantes, 3 vezes menos do que Moçambique. Em 2013 registaram-se 1.744 mortes nas estradas moçambicanas.
E falo nisto porquê? Porque na terça-feira houve mais um grande acidente, desta vez às portas da cidade de Tete. Um autocarro (“machibombo”) que fazia uma viagem de longa distância, envolveu-se num acidente com um carro ligeiro e um camião pesado em cima de uma ponte, causando 9 mortos e 25 feridos. Os veículos ficarram irreconhecíveis.
(Fonte:http://www.jornalnoticias.co.mz)
Como se já não bastasse, na quarta-feira dois camiões chocaram entre si, exactamente no mesmo local, fazendo mais 3 feridos.
E porquê?
Porque aqui não há civismo nas estradas. É indiferente se vamos sozinhos a conduzir ou se levamos 20 pessoas dentro de um “chapa”, o pé não levanta do acelerador. Não interessa se estamos numa lomba ou numa curva sem visibilidade, o que interessa é ultrapassar a lesma que vai à frente. Não se pensa que a qualquer momento um cabrito, um cão ou uma vaca se pode atravessar à nossa frente, o que se quer é chegar rápido ao destino. Não importa se conduzimos à noite sem luzes e se podemos causar acidentes. Não há problema em andar de mota sem usar capacete. Nem importa se incadeio os outros motoristas porque como não tenho médios, uso os máximos. E se me apetecer andar a 30, numa estrada em que o limite máximo é 60, ando. Nem me impedem de andar com um camião carregado a 120km/h, que numa travagem brusca varre tudo o que tiver à frente. E o alcool? Aqui conduzir a beber uma cervejinha é o pão nosso de cada dia...até parece que tem algum mal!?
E a taxa de mortalidade rodoviária em Moçambique?Pois...não me parece que vá descer num futuro próximo. Pelo menos enquanto as pessoas não começarem a ter consciência de que as suas acções influenciam não só os seus destinos, mas também os dos outros.
Até já!*
E cá estou eu mais uma vez para vos presentear com mais uma lição do "bom português" que por cá se fala. Façam favor de estar atentos/as à aula de hoje. Ora cá vai:
Até já*
Aqui em Tete existem alguns projectos mineiros, pelo que o assunto da Higiene e Segurança no trabalho desempenha um papel fundamental no dia-a-dia de qualquer empresa que tenha que lidar directa ou indirectamente com este projectos.
Ou seja, para se trabalhar nestes projectos é preciso fazer um sem-fim de formações e adoptar um sem-fim de procedimentos que não lembra ao careca.
Numa das últimas formações que fiz, pude observar que o quadro da sala ainda estava escrito com os detalhes da formação anterior. Pelo que pude perceber, deviam estar a ser discutidos as possíveis causas de acidentes em mina para condutores de máquinas pesadas.
Ora atentem bem a imagem:
Cuidado com o David Copperfield. Ou no nosso caso, com o Luís de Matos. Ainda podemos ter um acidente de viação.
Até já!*
Continuando a saga dos transportes públicos iniciada com este post, hoje falo-vos dos famosos “my love”.
Confesso que ao início quando ouvi o nome, não entendi muito bem e pensei que estavam a gozar...mas não. Passo a explicar.
O “my love” consiste numa carrinha de caixa aberta, que basicamente transporta pessoal atrás, de pé ou sentado. Pelo que percebi (pelo que me disseram), chamam a estes transportes de “my love”, porque as pessoas vão todas juntinhas e agarradinhas para se segurarem. E como aqui muito se usa o portinglês, nada como arranjar um nome original para estas viaturas!
Muitas vezes também vemos essas mesmas carrinhas a transportar mercadorias e apesar de não fazer um serviço de transporte público, há sempre como ganhar mais uns trocados a dar boleia ao pessoal em cima da mercadoria! Assim até é uma forma de manter a mercadoria segura. Quem não caça com cão, caça com gato!
Infelizmente não consegui tirar fotografias que transmitam a verdadeira essência de um “my love”, com o pessoal a abarrotar dentro da carrinha e todos encaixados uns nos outros...mas fica a ideia!
Até já!*
A isto é que eu chamo um fenómeno estranho. Vendedores de rua de portas, mobílias de quarto e de sofás. Ali, na rua, no pó. Os móveis e as camas e os sofás acabadinhos de fazer (tudo à mão obviamente), pousados directamente na terra ou no máximo com um calço de madeira e um pedaço de plástico por baixo. E quando vem aquela ventania que traz tanto pó que no final quase que dá para vender o pó que se tira dos ouvidos e do nariz? E quando chove (e aqui não há aquela chuva tipo chuviscos...é tipo dilúvio!)? Hmmm...se calhar é uma estratégia de marketing... “Compre aqui a cama que resiste a tudo!”ou “Compre um sofá e leve 6 kg de pó totalmente grátis!”.
Até já*